terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Verão: dupla Victor & Leo faz seu primeiro show em Salvador


Nascidos em Ponte Nova, Minas Gerais, e atualmente residindo em Uberlândia, os irmãos Victor Chaves Zapalá Pimentel, 33, e Leonardo Chaves Zapalá Pimentel, 32, são as novas sensações do gênero sertanejo (que muitos, imitando o modelo americano, já chamam de country).
Uma das atrações da última noite do Festival de Verão Salvador, dia 31, quando se apresentará pela primeira vez na capital baiana, a dupla Victor & Leo é um fenômeno de popularidade, realmente.
Há 14 anos na estrada, eles começaram a chamar atenção em 2006 quando o álbum independente Ao vivo vendeu cerca de dois milhões de cópias no mercado pirata. Reeditado pela gravadora Sony BMG, o CD vendeu 60 mil cópias em poucos dias e abriu espaço para o CD e DVD Ao vivo em Uberlândia, em 2007, trabalho que deu visibilidade nacional à dupla.
O CD Ao vivo em Uberlândia foi o terceiro mais vendido no Brasil na temporada 2008 com 296 mil unidades, ficando atrás apenas dos dois volumes de Paz sim, violência não, de padre Marcelo Rossi. “Nosso trabalho partiu do interior para todo o Brasil naturalmente, de pessoa para pessoa, sem qualquer investimento”, afirmam os irmãos.
Em outubro, Victor & Leo receberam homenagem da Sony BMG pela venda superior a 700 mil cópias, somando os álbuns Ao vivo e o CD e DVD Ao vivo em Uberlândia.
No mesmo mês, uma aparição da dupla no Domingão do Faustão (TV Globo) fez a audiência do programa saltar de 23 para 29 pontos. Versão era 2000 das antigas duplas sertanejas, Victor & Leo também é um sucesso entre a geração digital.
Sua canções estão entre as mais procuradas em sites de letras, os ringtones bombam em celulares e seus vídeos no YouTube acumulam mais de 20 milhões de visualizações.
O novo e terceiro álbum de estúdio, Borboletas (Sony BMG),segue a mesma trilha de sucesso (já vendeu 227 mil cópias) e ajuda a entender por que Victor & Leo cativam tanta gente.
Feitos pelos próprios irmãos, os arranjos das canções mostram elementos do country, folk e baladas pop rock dos anos 70, influências das duplas sertanejas dos anos 90 e da música regional do Rio Grande do Sul e do Mato Grosso.
No lugar de viola caipira, violões com acento country e acordeom. Nas letras, imagens românticas simples interpretadas com arranjos vocais que fogem do lugar comum do universo sertanejo habitual.
O sucesso 'Tem que ser você',incluído na trilha de A favorita, lembra um improvável encontro entre Renato Russo e Alejandro Sanz. Já a estourada faixa-título do CD revela que os irmãos ouviram DIre Straits na adolescência.

A seguir, leia entrevista (feita por e-mail) com Victor Chaves. Com cara de galã de novela, ele é o autor de quase todas as canções da dupla (por isso mesmo, é um dos compositores brasileiros atuais que mais faturam com direitos autorais, segundo o Ecad).
Vocês têm influências da música sertaneja, mas também do pop (inclusive no modo como falam de amor em algumas letras). Quais foram as influências pop da dupla Victor & Leo?
Nós temos influências diversas. A soma delas, juntamente com a prática e a experiência de 15 anos em bares, nos rendeu um estilo próprio.
Exemplificando, nossas influências passam por Phil Collins, Eric Clapton, Stevie Ray Vaughan, Neil Young, James Taylor e vão até o regional de Almir Sater, Renato Teixeira e Alceu Valença, entre outros.
Não apenas o pop, mas o R&B, o blues e o country foram e ainda são influências também. Por fim,desde o modo de compor até os arranjos que fazemos, a originalidade se dá por seguirmos nossa intuição artística sem imitar ninguém, mas sempre ouvindo o que nos emociona.

A dupla surgiu de que maneira?
Somos irmãos e começamos a cantar para amigos e parentes no início de 1992,em Abre Campo, Minas Gerais, sem pensar que pudéssemos um dia nos tornar profissionais. Mas logo estávamos por todos os bares da região.
Dois anos depois, em 1994, nos mudamos para Belo Horizonte onde, por uma ruptura familiar, precisávamos nos virar e foi daí que a coisa se tornou mais profissional.
Cantamos na noite de BH por quase oito anos, ao mesmo tempo em que estudávamos canto (por cinco anos).
Depois, nos mudamos para São Paulo, onde cantamos na noite por mais quase sete anos, até nossa música se expandir de forma natural pelo país a partir de meados de 2006.
Vocês são os primeiros artistas do pop sertanejo que devem muito do sucesso à chamada geração digital, com canções trocadas via internet, vídeos muito acessados no YouTube, ‘ringtones’, etc. A que você atribui tamanha popularidade da dupla?
Acho que a questão digital é incrível e, se bem usada, por certo desperta a atenção das pessoas. Mas não é tudo.
A nosso ver, o rádio continua sendo o maior veículo de divulgação musical e o rádio é a maior parceria de um musicista.
Fazemos nosso trabalho por amor à música e às pessoas. Seria muito mesquinho usar a música apenas para adquirir fama e prestígio.
Usamos a música para a emoção de quem ouve, e a fazemos com a intenção de passar luz, energias puras e renovação de ares.
Qual o sentido do trabalho de alguém se este não for feito para servir?
Antes de assinar contrato com a Sony BMG, a dupla já havia vendido mais de dois milhões de CDs no mercado pirata. O mercado informal pode ajudar na divulgação de um artista novo, dependendo do caso?
Não sei até que ponto. Hoje, quando se fala em produto pirata, fala-se em um produto de baixa qualidade e, muitas vezes,com preço aproximado do original.
Percebo que quem perde com o pirata é quem o compra. Mas, em muitos lugares, talvez pelas taxas e impostos, o produto original não chega a ser distribuído e aí pode ser que o pirata tenha sua vez na hora de matar o desejo de quem o consome.
Ressalto que, antes de alguém adquirir um CD pirata, é preciso que o conheça e aí, antes da pirataria ou de quem consome o pirata, é o rádio quem divulga.
Talvez eu esteja errado, mas acho que vocês nunca se apresentaram em Salvador. Qual a expectativa para a participação no Festival de Verão?
Será nossa primeira vez em Salvador. Mas, bem recentemente, estivemos em Vitória da Conquista, Barreiras e Teixeira de Freitas, o que nos deu uma ideia do quanto o público baiano absorve bem nossa musicalidade e nos recebe bem.
Foram shows incríveis e não vemos a hora de dividir fortes energias de positividade com os soteropolitanos.
Vocês gostam da axé music, dos artistas baianos dessa geração?
Adoramos música. Ouvimos tudo o que nos emociona, independentemente de tribos ou rótulos. A música baiana é um tesouro.
Citar nomes como Ivete Sangalo, Chiclete com Banana, Jammil, Ara Ketu, Claudia Leitte, Asa de Águia ou Eva é chover no molhado.
Há tantos nomes e estilos próprios... Gostamos muito da cultura e da diversidade baiana.
CURIOSIDADES
A dupla gravou seus primeiros CDs, ambos promocionais, em 97 e 98. Cada um com quatro canções.
Eles foram para São Paulo em 2000, onde conheceram Eduardo e Silvinha Araújo, que procuravam talentos sertanejos.
Apaixonados pela recepção que tiveram em Uberlândia, em 2007, resolveram deixar São Paulo e morar na cidade mineira.
Leo é casado e tem um filho. Victor é solteiro.
Veja também:Sucesso sertanejo, Victor e Leo se preparam para tocar em Salvador

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